Sob pingos e respingos da chuva ácida política, com ameaças inclusive de generais, fazendo valer a letra de Cazuza que dizia "Eu vejo o futuro repetir o passado..."; Enfim, em meio a esse "museu de grandes novidades" tive o prazer de bater um papo com o Rodrigo, do Cherry bomb, mas com enfâse em seu novo trampo. Os Sucuris, que é uma banda que tem me chamado muito atenção, coisa fina e sem frescura como ele deixa bem claro na entrevista. Os Sucuris também conta com Pedro(Bateria) do Dizzaster, e Felipe(Baixo) do Droogies. Ele compartilhou um pouco de sua bagagem, e falou sobre o inicio dessa nova empreitada que logo teremos em mãos em CD ou K7 para quem curte, e também o show de lançamento agora dia 12 de Abril. Como de costume deixo o link da banda para curtirem os sons ja disponiveis d' Os Sucuris.
Sucuris no Face
Sonzeira d'Os Sucuris
Me
fala sobre o princípio da banda. Os três já são figuras carimbadas da
cena londrinense , como que foi essa conversa pra montar a banda ?
Aconteceu
naturalmente. Uma banda acontece quando algumas pessoas tem fogo no
rabo. Eu tava tentando montar uma outra banda, mas acabei desistindo por
causa de fatores que realmente não incluem a idéia de ser uma banda de
rock and roll. Um dia trombei o Felipe na rua e comentei de fazermos
algo, e mesmo não sabendo exatamente o que, ele topou na hora. Eu só
disse que seria algo mais crú, na cara e sem a famosa síndrome do
"biquinho pra foto". Ele topou na hora. Acho que alguns meses depois
acabamos fazendo um teste com um chegado, e acabou não rolando. Essa era
uma fase em que eu ficava postando vídeos de bandas obscuras de rock
"garage" nas redes sociais. Daí do nada o Pedrão me chama inbox pra
conversar sobre musica e saber o que que tava rolando. Em 2 minutos eu
descobrí que ele também era baterista, e em 5 minutos já tínhamos o
primeiro ensaio marcado.
Hahaha..
e composições você já tinha algo pronto? A ideia musical tipo "é isso
que eu quero" . Você já visualizava o norte d' Os Sucuris ?
Já
que tocou na Europa, viu e viveu um pouco do underground por lá. O que
mais marcou em você nessa experiência cultural fora? É bastante óbvio a
questão de diferenças entre aqui , lá e acolá, mas o que te marcou
nessa incursão?
O
que ficou bem claro foi o que pra mim sempre foi óbvio: um "promoter"
não é obrigado a por conjuntos cover misturadas com bandas de verdade.
Então basicamente, se você tem uma banda, isso não significa que você
tem que explicar que a tua banda é "autoral". Eu não sei dizer se esse
tipo de coisa deve algum tipo de explicação pra alguem. Mas te afirmo de
coração que Isso realmente me leva a refletir em relação a uma condição cultural.
Eu
já toquei e toco em uma banda autoral e um lance que sempre rola comigo
quando descubro uma banda e gosto do nome , é aquela "inveja", tipo "
puts porque não pensei nesse nome antes?" Hahaha. E "os sucuris" é um
desses casos Tem alguma história por trás desse nome ?
Eu
não sei de onde tirei esse nome. Mas a Sucuri é uma cobrona que mata e
engole outros animais de grande porte. Algumas bandas brasileiras dos
anos 60 tinham uns nomes assim, tipo Os Aranhas, rs. É um nome exótico.
Hahaha...cara
voltando um pouco na questão de bandas autorais . Eu tenho minha
opinião sobre como a cultura aqui é sufocante para bandas autorais , em
meio a tantos eventos com bandas cover em bares pela região , há pouco
espaço para bandas autorais . O que você tem a dizer sobre essa questão
cultural ?
A
alguns anos atrás eu achava um porre ver gente reclamando de espaços
para tocar. Sempre achei que era pra botar a mão na massa e boom...
Haviam poucos espaços, mas havia mais interesse por parte dos jovens e
havia público pras bandas teimosas e autênticas. Talvez algumas bandas
da moda tenham ajudado a molecada a pegar nas guitarras pra ver qual é.
Eu acho que cover é uma música de uma banda que você ama e coloca no
meio do seu set pra mostrar as suas influências, a não ser que você
tenha 14 anos e teja aprendendo os primeiros truques. Mas os valores
foram invertidos e agora todos estão pagando por isso. O barato é quando
nada disso tá na moda. Mas o problema é que a rapaziada super informada
também é super careta. Levar teu instrumento pra rua dá o maior trampo,
sem contar as roubadas e o tempo que leva pra fazer um público e ter
alguma "recompensa" emocional. Então. O mais fácil acaba sendo o óbvio:
tocar cover. Nem todo músico é artista. Mas quem produz é. E que tal
bater de frente com a sebosa onda sertaneja e os fundamentalistas
religiosos de plantão? Que tal insistir em algo que a maioria das
pessoas não entendem.
Eu acho interessante a forma como Os Sucuris estão lançando o trabalho de forma fragmentada, "single a single". E outras bandas também tem adotado isso nos últimos anos, você acha que um pouco disso é a influência das novas tecnologias , app de música como Spotify , Deezer etc? A forma como consumimos musica já vem mudando há algumas décadas, e você já vive há um bom tempo no meio musical , como você vê essa questão no underground ?
Também
acho que a velocidade da informação "no bolso" deu uma matada na magia
da coisa. Ninguém mais atravessa a cidade pra gravar um som. Espero que
eu teja errado.Se deixar eu passo o resto da vida falando sobre isso. É.
Essa onda gourmet acabou com a vibe das ruas. Paciência agora... E mão
na massa.
Por
outro lado, o advento tecnológico e gratuito, também ajuda as pessoas a
terem mais acesso á música. A idéia de lançar os 10 primeiros sons d'
Os Sucuris, como singles, foi para irmos promovendo o disco "3 Chord
Trick" aos poucos, ao mesmo tempo em que cada single tem uma capa
assinada por amigos designers e cartunistas.
Mas ao término das gravações teremos o disco em formato físico certo ?
A princípio lançaremos em cd e em tiragem limitada de k7's.
Legal vou colar com certeza nesse evento. Qual é o top 5 de discos que foram indispensáveis para sua formação como músico ?
Cronologicamente eu colocaria:
Ramones Mania (Escutei o k7 até arrebentar a fita. Aprendí a tocar tirando aquelas músicas).
MC5 - Kick Out The Jams (ganhei o Lp dum amigo bem mais velho, quando eu tinha 15 anos. Tenho o disco até hoje)
The Story of THE WHO (eu definitivamente parei de escutar Led Zeppelin, quando descobrí essa coletânea no começo dos anos 90)
A
Revista Pop Apresenta o Punk Rock (não acreditei quando achei esse Lp
na extinta Oasis Discos, no Centro Comercial, em 1994. Esse disco abriu
as portas pro Punk Rock no Brasil. O nome da minha banda The Cherry Bomb
eu tirei dalí, ainda na era mezozoica analógica pre digital. Tenho até
hoje)
Richard
Hell and The Voidoids - Blank Generation (esse disco é tão loco que eu
nem consigo explicar. Comprei o meu lp em 1996. Tenho até hoje).
Eu listaria mais uns 15 discos. Kkk
Pra encerrar eu deixo meus agradecimentos pela atenção e esse espaço
aberto para que se manifeste segundo sua vontade. Seja para divulgar
agenda, projetos, uma mensagem bíblica, kkkk é com você, valeu Rodrigo.
Velho. Valeu pela oportunidade. E que essa onda "pseudo-retro-barbeira-careta- gourmet" evapore logo pra juventude tomar as ruas com mais sangue no zóio.
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