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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Entrevista: Rodrigo d'Os Sucuris



Sob pingos e respingos da chuva ácida política, com ameaças inclusive de generais, fazendo valer a letra de Cazuza que dizia "Eu vejo o futuro repetir o passado..."; Enfim, em meio a esse "museu de grandes novidades" tive o prazer de bater um papo com o Rodrigo, do Cherry bomb, mas com enfâse em seu novo trampo. Os Sucuris, que é uma banda que tem me chamado muito atenção, coisa fina e sem frescura como ele deixa bem claro na entrevista. Os Sucuris também conta com Pedro(Bateria) do Dizzaster, e Felipe(Baixo) do Droogies. Ele compartilhou um pouco de sua bagagem, e falou sobre o inicio dessa nova empreitada que logo teremos em mãos em CD ou K7 para quem curte, e também o show de lançamento agora dia 12 de Abril. Como de costume deixo o link da banda para curtirem os sons ja disponiveis d' Os Sucuris.


Sucuris no Face 

Sonzeira d'Os Sucuris




Me fala sobre o princípio da banda. Os três já são figuras carimbadas da cena londrinense , como que foi essa conversa pra montar a banda ?


Aconteceu naturalmente. Uma banda acontece quando algumas pessoas tem fogo no rabo. Eu tava tentando montar uma outra banda, mas acabei desistindo por causa de fatores que realmente não incluem a idéia de ser uma banda de rock and roll. Um dia trombei o Felipe na rua e comentei de fazermos algo, e mesmo não sabendo exatamente o que, ele topou na hora. Eu só disse que seria algo mais crú, na cara e sem a famosa síndrome do "biquinho pra foto". Ele topou na hora. Acho que alguns meses depois acabamos fazendo um teste com um chegado, e acabou não rolando. Essa era uma fase em que eu ficava postando vídeos de bandas obscuras de rock "garage" nas redes sociais. Daí do nada o Pedrão me chama inbox pra conversar sobre musica e saber o que que tava rolando. Em 2 minutos eu descobrí que ele também era baterista, e em 5 minutos já tínhamos o primeiro ensaio marcado.

Hahaha.. e composições você já tinha algo pronto? A ideia musical tipo "é isso que eu quero" . Você já visualizava o norte d' Os Sucuris ?

Algumas das canções são mais antigas e já as tocava com a banda que tive na Inglaterra. Os The Flying Rats. Mas o núcleo de todo a maior parte do material é novo e tem sido feito por aqui. A idéia d' Os Sucuris é tocar um rock and roll crú e de garagem, com músicas curtas e sem frescura. Existem alguns riffs e milongas, mas nada que empaque a paciência. Eu odeio a maioria dos solos de guitarra.Essa banda foi feita pra entregar um set curto e energético.

Já que tocou na Europa, viu e viveu um pouco do underground por lá. O que mais marcou em você nessa experiência cultural fora? É bastante óbvio a questão de diferenças entre aqui , lá e acolá, mas o que te marcou nessa incursão?


O que ficou bem claro foi o que pra mim sempre foi óbvio: um "promoter" não é obrigado a por conjuntos cover misturadas com bandas de verdade. Então basicamente, se você tem uma banda, isso não significa que você tem que explicar que a tua banda é "autoral". Eu não sei dizer se esse tipo de coisa deve algum tipo de explicação pra alguem. Mas te afirmo de coração que Isso realmente me leva a refletir em relação a uma condição cultural.

Eu já toquei e toco em uma banda autoral e um lance que sempre rola comigo quando descubro uma banda e gosto do nome , é aquela "inveja", tipo " puts porque não pensei nesse nome antes?" Hahaha. E "os sucuris" é um desses casos Tem alguma história por trás desse nome ?

Eu não sei de onde tirei esse nome.  Mas a Sucuri é uma cobrona que mata e engole outros animais de grande porte. Algumas bandas brasileiras dos anos 60 tinham uns nomes assim, tipo Os Aranhas, rs. É um nome exótico.



Hahaha...cara voltando um pouco na questão de bandas autorais . Eu tenho minha opinião sobre como a cultura aqui é sufocante para bandas autorais , em meio a tantos eventos com bandas cover em bares pela região , há pouco espaço para bandas autorais . O que você tem a dizer sobre essa questão cultural ?

A alguns anos atrás eu achava um porre ver gente reclamando de espaços para tocar. Sempre achei que era pra botar a mão na massa e boom... Haviam poucos espaços, mas havia mais interesse por parte dos jovens e havia público pras bandas teimosas e autênticas. Talvez algumas bandas da moda tenham ajudado a molecada a pegar nas guitarras pra ver qual é. Eu acho que cover é uma música de uma banda que você ama e coloca no meio do seu set pra mostrar as suas influências, a não ser que você tenha 14 anos e teja aprendendo os primeiros truques. Mas os valores foram invertidos e agora todos estão pagando por isso. O barato é quando nada disso tá na moda. Mas o problema é que a rapaziada super informada também é super careta. Levar teu instrumento pra rua dá o maior trampo, sem contar as roubadas e o tempo que leva pra fazer um público e ter alguma "recompensa" emocional. Então. O mais fácil acaba sendo o óbvio: tocar cover. Nem todo músico é artista. Mas quem produz é. E que tal bater de frente com a sebosa onda sertaneja e os fundamentalistas religiosos de plantão? Que tal insistir em algo que a maioria das pessoas não entendem. 

Eu acho interessante a forma como Os Sucuris estão lançando o trabalho de forma fragmentada, "single a single". E outras bandas também tem adotado isso nos últimos anos, você acha que um pouco disso é a influência das novas tecnologias , app de música como Spotify , Deezer etc? A forma como consumimos musica já vem mudando há algumas décadas, e você já vive há um bom tempo no meio musical , como você vê essa questão no underground ?

Também acho que a velocidade da informação "no bolso" deu uma matada na magia da coisa. Ninguém mais atravessa a cidade pra gravar um som. Espero que eu teja errado.Se deixar eu passo o resto da vida falando sobre isso. É. Essa onda gourmet acabou com a vibe das ruas. Paciência agora... E mão na massa.
Por outro lado, o advento tecnológico e gratuito, também ajuda as pessoas a terem mais acesso á música. A idéia de lançar os 10 primeiros sons d' Os Sucuris, como singles, foi para irmos promovendo o disco "3 Chord Trick" aos poucos, ao mesmo tempo em que cada single tem uma capa assinada por amigos designers e cartunistas.

Mas ao término das gravações teremos o disco em formato físico certo ?

A princípio lançaremos em cd e em tiragem limitada de k7's.


 
Legal vou colar com certeza nesse evento. Qual é o top 5 de discos que foram indispensáveis para sua formação como músico ? 

Cronologicamente eu colocaria:

Ramones Mania (Escutei o k7 até arrebentar a fita. Aprendí a tocar tirando aquelas músicas).


MC5 - Kick Out The Jams (ganhei o Lp dum amigo bem mais velho, quando eu tinha 15 anos. Tenho o disco até hoje)

The Story of THE WHO (eu definitivamente parei de escutar Led Zeppelin, quando descobrí essa coletânea no começo dos anos 90)

A Revista Pop Apresenta o Punk Rock (não acreditei quando achei esse Lp na extinta Oasis Discos, no Centro Comercial, em 1994. Esse disco abriu as portas pro Punk Rock no Brasil. O nome da minha banda The Cherry Bomb eu tirei dalí, ainda na era mezozoica analógica pre digital. Tenho até hoje)

Richard Hell and The Voidoids - Blank Generation (esse disco é tão loco que eu nem consigo explicar. Comprei o meu lp em 1996. Tenho até hoje).

Eu listaria mais uns 15 discos. Kkk

Pra encerrar eu deixo meus agradecimentos pela atenção e esse espaço aberto para que se manifeste segundo sua vontade. Seja para divulgar agenda, projetos, uma mensagem bíblica, kkkk é com você, valeu Rodrigo.

Velho. Valeu pela oportunidade. E que essa onda "pseudo-retro-barbeira-careta-gourmet" evapore logo pra juventude tomar as ruas com mais sangue no zóio.



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