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terça-feira, 24 de abril de 2018

Entrevista: Tiago Ponti (Escopo)

Dando continuidade, conversei com o Tiago Ponti, vocalista e guitarrista da banda Escopo, que vem pra cima com seu novo Album recém lançado(virtualmente). "Sobre conselhos, palpites e pitacos", que terá seu show de lançamento agora dia 05 de maio, no Up Bar, Av JK nº1973 em Londrina. Segue abaixo os links para maiores informações.

 

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Escopo tem integrantes do Silêncio, Primos da Cida, caras que desde o final dos anos 90 já estão envolvidos com a cena independente. Como começou esse novo projeto?

 Na verdade, a banda começou dentro do Silêncio, eu e o Toti que é o baixista, eramos do Silêncio. E agente resolveu voltar a banda e chamamos o Rafa e o Zé pra fazer parte, e foi ai que agente viu que o som estava mais com a nossa cara, e resolvemos mudar de nome. Mas a principio foi uma tentativa de voltar com o Silêncio.

Isso em 2005?
 O Silêncio durou , com formação original, de 2000 a 2005. E esse retorno nosso foi mais ou menos em 2013, por ai. Chegamos a fazer alguns shows com o nome de Silêncio, com repertorio antigo, e em 2014 resolvemos mudar o nome para Escopo e em 2015 lançamos nosso primeiro EP, já com o nome Escopo.

Entendi. Oito anos parados. E a composição do EP se deu de forma natural, com relaçao a influências musicais? Cada um trouxe algo pra dentro? Quem costuma compor, escrever as letras? Ou é coletivo?
 O EP foi o seguinte, agente meio que manteve a mesma linha de influência, do que já era no Silêncio. Muito anos 90, tem um pouco de Hardcore tipo Bad Religion, Nofx, mas tem também bandas como Smashing Pumpkins, Nirvana, rock alternativo. E o lance de composição, geralmente eu que faço a letra e melodia, gravo uma demo no violão e mando pro pessoal e ai eles vão mexendo no arranjo. O Rafa (guitarrista) também compõe algumas coisas.

E após o lançamento do EP, em 2015, como foi a rotina da banda? Muitos shows, festivais?

Cara na verdade não. Eu acabei indo para o Rio de Janeiro, em 2016 e ficamos meio que uma “banda de internet” , e quando eu vinha para Londrina, agente se juntava para compor. E agente acabou que não tocamos muito não, mas é isso que estamos buscando com o lançamento desse disco.

E o album seguiu da mesma forma que o EP , no quesito composição? Há influências novas que da pra sentir em um riff ou outro?
Na composição desse novo album, eu acho que todo mundo pode contribuir mais, cada um pode dar mais a cara dele, mesmo porque agora nos conhecemos a muito mais tempo, já temos um entrosamento musical muito maior. Agora a composição mesmo, foi muito mais rapida que o EP, agente delimitou em 2 meses, pegava uma musica por ensaio, um ensaio por semana, e fez como uma meta mesmo, eu já tinha feito as demos, então agente ia fechando uma musica por ensaio, então foi quase dois meses, um pouquinho mais, agente já fechamos o disco inteiro.

 você falou de novas influências, eu não sei bem se tem novas influencias necessariamente, mas agente trabalhou muito mais a questão de timbres nesse segundo disco, tem muito mais efeitos de guitarra, coisas que não tinha no outro, apesar de ter bem menos solo. Não é um disco assim, sobre guitarras, mas tem muito mais timbre.

A letra "Defensores do nada", já é bastante clara em sua mensagem, mas se te pedisse para apontar o dedo, mesmo parecendo óbvio, quem levaria dedo na cara? 

 Bom, eu acho que essa letra serve para os dois lados mesmo. Pessoas que ficam discutindo no Facebook, perdendo amigos por causa de politica, realmente eu não sei se me posicionaria em um dos lados não. E alias, a prova disso é que para todo mundo que eu mostro a musica, seja de esquerda ou de direita, todo mundo acha que a letra é pro outro. O cara de esquerda acha que eu estou falando do pessoal da direita, e o cara de direita acha que estou falando do pessoal da esquerda quando estou falando para os dois lados.

 E o que você pensa desse cenário com todos esses conflitos políticos que o Facebook nos proporciona? 

 Eu já enchi o saco dessas conversas, e acho que muita gente já encheu o saco, se você reparar, essas discussões eram muito mais frequentes antigamente, acho que a galera esta vendo que não vale a pena ficar brigando por quem não nos representa. Mas de qualquer forma, agente tem que tomar cuidado para isso não levar a um desanimo total. Agente tem que continuar fazendo as mesmas coisas, discutindo mas de maneira mais sensata. E vê também o que vai acontecer nas eleições nacionais né? Porque isso tende a voltar a ser como era antes.

O circo pega fogo. hehe. Quanto ao nome do disco. algum motivo especial, situação que motivou o batismo?

O nome do disco é o nome de uma musica também né? Que é “sobre conselhos, palpites e pitacos”. E é um tema meio clássico já né? Aquela velha história de você fala dos outros, mas quando acontece com você a sua reação é um pouco diferente. Bom , não tem um motivo especial para ser o nome do álbum , acho que é mais uma questão de sonoridade das palavras. Agora a letra em si, realmente foi uma questão pessoal. Eu passei por uma coisa e aquilo que eu sempre critiquei antes, e quando chegou a mim a coisa foi bem mais complicado.
Pode se dizer que foi uma auto critica. hehe .
E o Escopo, agora com shows, disco lançado, como tem sido a resposta da galera que esbarra com os sons da banda na net, ou em shows? 

Cara, a resposta da galera, pelo menos por enquanto, na internet, esta bem legal. Todo mundo gostou muito, se identificando com as letras, demonstrando interesse. E shows agente vai começar fazer a partir de agora. O lançamento será dia 05 de maio no Up bar, e é a partir dai que vamos começar fazer shows, e vamos ver como a galera vai reagir.

O lançamento do disco foi só virtual por enquanto? Fora o show de lançamento tem algum projeto futuro a vista? 
 Então, agente lançou o disco dia 5 de abril, no Youtube, Soundcloud, e tal. Mas agora já teve ter nas principais plataformas, Spotify, Itunes , já deve estar rolando. E sim agora temos o show de lançamento dia 5, e a ideia agora é começar tocar cara, o Teixeira( Os Sucuris) esta trabalhando com agente também, tá mandando nosso material para festivais, etc. E tem também o clipe da musica “Hey”, que agente esta finalizando, já fizemos todas as gravações e já estamos na fase de edição, acho que dentro de um mês e meio já deve ter o clipe da musica “Hey”.

Certo. Mano eu agradeço pelo bate papo, como ja te falei, achei foda o disco do Escopo e desejo sorte nos roles e deixo esse espaço para você.

Valeu cara!! Grande abraço, e se puder, apareça la no show.



Enquanto o clipe da musica "Hey" não fica pronto, deixo aqui o video promo da musica disponível no canal do Youtube da banda. 



sexta-feira, 20 de abril de 2018

ENTREVISTA : Xico (Refutare/On A Hiding To Nothing)


Essa semana bati um papo com meu amigo Xico, Francisco Junior, baterista do Refutare, promoter, relações publicas do Hardcore, e que agora se aventura pela Europa com sua banda On A Hiding To Nothing. Falamos sobre velhos e novos rolês, e os Links estão disponiveis logo abaixo.
PS: lembrando que ambas as bandas podem ser ouvidas via Spotify.


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Diz aí como você desandou, e acabou seguindo para o caminho do mal? Underground hardcore punk , como se encaminhou pra essa vida maldita?
Quando estava no colégio por volta dos anos 97-98 eu tinha começado a escutar alguma coisa de rock nacional da época, tipo, Planet Hemp (álbum usuário), Raimundos (na época do sexta básica e lapadas do povo) isso com 12-13 anos de idade onde eu já estudava junto e era muito amigo do Raphael Moraes, guitarra do Refutare, com quem comecei a tocar e já formamos nossa primeira banda o “Selphideas” que chegou a se apresentar no colégio na época com nome de Side Show Bob, isso na oitava série no ano 2000 acho eu (rs). O repertório já contava com Ramones, Nirvana além de Raimundos e etc.. quando logo depois começamos uma amizade já com a galera que já vinham tocando em bandas em Arapongas que eram divididas três turmas: os “Grunges”, os “punks” e os irmãos Fred e Dema da Onion Balls que já faziam aquele rock Guitar/alternativo. Isso abriu horizontes para nós pra varias novas bandas estilos e tal, e essa amizade, essa união fortaleceu e foi onde começou a se criar essa “cena musical” em Arapongas. Nessa época entrou nosso amigo Marcelo (polaco) no baixo e precisávamos de um nome para a banda e eu tive a ideia do “Selphideas” (que corretamente seria “Self Ideas”) aí o repertório passou para Ramones, Bad Religion, Nofx e Gritando HxCx, começamos a nos apresentar com essa galera das bandas de Arapa, shows que nos mesmos organizávamos nos bares da cidade isso tudo no começo dos anos 2000. 
Aí foi nessa união que tudo começou. Foi onde entrei nessa do “Faça por você mesmo”, foi junto com os amigos e bandas, na época que eram dentre elas as bandas: Milky (Sheslei, Nando, Alex), Grind (Fabinho, Cassiano e Rafael), Acid Rain (Tomé, Ney, Flávio e Sidiney), Devaneers (Fred, Dema, Israel)..

Nessa história da pra ver que o Refutare nasceu da união de membros de muitas bandas. Como foi isso?

Então.. nessa época ainda do Selphideas, nós começamos a fazer vários rolês, tocamos no lendário Black Bar em Rolândia, tocamos algumas vezes em Apucarana, e no ano de 2003 começamos uma amizade com o pessoal de Londrina da banda Overwhelm, que nos trouxe mais novas influências e começamos a ter contato com bandas de fora de Arapa, em 2004 junto com os amigos do Overwhelm, fizemos a primeira “tour” do Paura (SP) pelo Paraná, que na ocasião estavam em tour junto com o Fim do Silêncio (SP), então fizemos dois shows: Londrina e Arapongas. Criamos um laço de amizade que perdura até os dias de hoje, e muitos outros shows rolaram durante esse tempo.
Em meados de 2005 o Raphael Moraes, Sheslei, Cassiano e o Flávio começaram com a ideia de um projeto novo, com a proposta de um hardcore mais pesado envolvendo o Old school com o thrash, punk, metal e etc, com letras em português, e me fizeram o convite para participar, eu aceitei, o Flávio veio com a ideia do nome Refutare e assim começamos com dois sons covers: Not this Time - Terror e Playing Soldier Again - Walls of Jericho. A partir dessa mistura começamos a ensaiar e compor. Ao mesmo tempo que ainda nos dedicávamos e nos apresentávamos com as nossas outras bandas. Em Setembro de 2006 seria a primeira apresentação do Refutare em um evento organizado por nos, onde iríamos tocar junto com a banda “Lesto” de Brasília, mas na semana do show eu me acidentei e não pudemos tocar, passei por uma cirurgia, alguns meses de recuperação e voltamos aos ensaios. Quando foi em Março de 2007 o Refutare estreiou ao lado dos amigos do “CVOD” (Marília SP) e do “I Shot Cyrus” (SP) em outro evento organizado por nós em Arapongas. Lembro que esse show foi animal, uma vibe muito massa, os amigos do CVOD diziam que o show do Refutare tinha um clina de fim de mundo, foi realmente demais esse dia.


Com certeza o Refutare é até hoje uma banda referência na região , dividiu o palco com muitas bandas, e também na organização dos roles como Reza a missa "faça você mesmo" . Mas de todos esses roles qual foi o que mais marcou ?

Poxa é uma grande satisfação para nós esse reconhecimento, eu digo que nesses 11 anos de Refutare (13 anos na verdade, eu que vim morar em Londres há dois anos) mas nesses anos fizemos muitas amizades e quando nos apresentamos os amigos nos dão a alegria da presença nos shows, isso foi nossa maior conquista, marcar um show e rever os amigos que vem de outras cidades, e claro sempre fazendo novos amigos também. Mas é muito difícil citar um role em específico porque todos sempre nos acrescentaram e marcaram muito pra nós, foram diversos nesses anos, e desde os mais simples até aqueles em que dividimos o palco com alguma banda grande ou de outro país, todos têm um só grande valor para nós, é sempre especial. Um evento que marcou e aconteceu em um local improvisado foi em Rolândia em 2007 em uma esquina onde era uma casa agropecuária (se não me engano), bandas locais, amigos da região num domingo durante o dia. Fomos em um comboio de Arapongas, era um lugar pequeno nos apresentamos era dia ainda e estava muito cheio, foi onde saiu a capa do ep/demo R$1,00. Esse dia foi loco, e a polícia não deixou o evento chegar até o final, infelizmente. Os roles em que tocamos com deranged Insane (Londrina), Paura (SP) e viajamos juntos para Curitiba, também em Curitiba nos apresentamos com Test e foi demais, mais recente também, em 2015, fizemos uma mini Tour com o Test no estado de São Paulo, as duas bandas em dois carros, tocamos em Bauru (SP), Piracicaba (SP) e Marília (SP). Marília aliás, tivemos a oportunidade de tocar algumas vezes e lá é sempre uma ótima vibe, roles firmeza organizados pelo nosso amigo Franja. Um role bem legal que rolou foi quando fomos ainda com o selphideas em outubro de 2006 tocar em Florianópolis e dividimos o palco com a banda da Colômbia “Grito”, fizemos uma grande amizade com eles, pessoas sensacionais, que depois mais tarde em 2014 voltaram ao Brasil para 1 único show em São Paulo e atendendo ao nosso convite retornaram ao Paraná para dois shows Arapongas e Maringá. Foi incrível revê-los e dividir o palco novamente quase 10 anos depois. Mas enfim, tocando e ou organizando o role é sempre um aprendizado que soma pra nossas vidas.



E em meio a dificuldade que é imposta a uma banda independente o cd do Refutare saiu , e saiu lindão, com uma arte muito bem elaborada . Me fala um pouco sobre esse processo, da composição ate os finalmentes da bolachinha na mão .

Então, esse disco ele tem as primeiras 5 músicas do  EP de 2007, regravadas e as demais compostas após esse período. A gravação desse full lench se deu início em 2014, no estúdio 3em1 aos cuidados do Alexandre Bressan e fizemos esse disco em um período de uns 9 meses. A arte, nós encontramos um artista na França e enviamos a ele um livro sobre mapas renascentistas como influência e ele que já tinha alguns trampos no estilo mandou uma arte com resultado fantástico com todo conceito que tem o disco. No encarte você encontra as letras em português e traduzidas pra o Espanhol e Ingles. E o lançamento fizemos uma demo como uma pré-venda e conseguimos a parceria dos selos Spider Merch e Samsara discos, e a Dead Time mosh clothes que também participou ajudando com o Merch onde saíram 3 camisetas com as artes diferentes. 
E em setembro de 2015 realizamos um evento em Arapongas, e lançamos o álbum O Mapa. Nesse período durante o ano de 2014, organizamos 5 tours com: Project 46, Paura, Questions, Project 46 e Grito, shows em Arapongas,  Londrina e Maringá, total de 11 shows.



Nove meses é uma gestação,sem dúvidas . Hehehe.. mas daí houve uma mudança nos planos , e você foi morar na Inglaterra. Como foi isso ?

É, então..  foi após o lançamento, ali por novembro quando eu decidi que me mudaria para Inglaterra. Era algo que eu sempre quis fazer, sair morar fora do Brasil, e as condições estavam propícias nessa época, foi então que tive que decidir e aí conversar com a banda e organizar tudo. Conversei com a galera em dezembro, em janeiro comprei a passagem para março 2016. E foi isso, começo de 2016 fizemos 3 shows dois em São Paulo capital e 1 em Campinas, e a despedida foi no Barbearias em Londrina.
Ainda no Brasil fiz contato com algumas bandas aqui de Londres, o pessoal curtiu que eu estava me mudando pra ca e quando cheguei aqui já estava ensaiando com a “On A Hiding To Nothing”.

Que massa, já estava tudo engatilhado. E você que viveu a cena independente no Brasil e agora vive aí na terra da rainha. Como tá sendo tocar, gravar, os picos . O que pode destacar como "diferente" nesse role ?


Está sendo bem bacana a experiência, a galera aqui são gente fina, muita banda foda, muito show a cena é agitada. O que difere é que eu morava em uma cidade pequena e tinha uma sala de ensaio em casa, hoje leva 1 hora para ir ensaiar, brinco que daria pra eu sair de Arapongas e ir a Maringá ensaiar (rs). Gravar aqui foi joia também, puta som de batera, estava gostoso de tocar, quem produziu foi o vocalista o Alastair e eu pirei no resultado final, gravamos 4 sons para o EP Formaldehyde, cheguei aqui em março de 2016 e em agosto estava gravando com eles, e então um selo independente “Umlaut”, lançou o EP, eles também organizam vários rolês e festivais. Tocamos com umas bandas bem fodas daqui e de fora também, Escócia, Bélgica, Holanda, Itália, Austrália, Estados Unidos. Tocamos na Escócia também e em algumas cidades aqui na Inglaterra, tá joia a experiência. Dezembro passado tocamos em um pico famoso por receber muita banda clássica aqui, o “Underworld Camden” em Camden Town e agora em junho estaremos lá novamente, dessa vez abrindo para o H2O. Em agosto abriremos pra o Adolescentes lá também. Animado com as novidades, coisas boas irão rolar meu amigo.

Animal demais. Então voltar pra cá, por enquanto é só para visitar os velhos amigos certo? Queria te agradecer pela sua atenção , desejo tudo de bom para você e vou me manter informado sobre o que rola e vai rolar aí no velho mundo , deixo esse espaço pra você mano . Valeu de coração


É.. por enquanto a ideia é essa meu amigo, uma visita, quem sabe uma tour com “OAHTN” por aí! Muito obrigado pelo convite e parabéns pela iniciativa Carlos! Conte comigo sempre e logo em breve nos vemos por aí! 
 



quinta-feira, 5 de abril de 2018

Entrevista: Rodrigo d'Os Sucuris



Sob pingos e respingos da chuva ácida política, com ameaças inclusive de generais, fazendo valer a letra de Cazuza que dizia "Eu vejo o futuro repetir o passado..."; Enfim, em meio a esse "museu de grandes novidades" tive o prazer de bater um papo com o Rodrigo, do Cherry bomb, mas com enfâse em seu novo trampo. Os Sucuris, que é uma banda que tem me chamado muito atenção, coisa fina e sem frescura como ele deixa bem claro na entrevista. Os Sucuris também conta com Pedro(Bateria) do Dizzaster, e Felipe(Baixo) do Droogies. Ele compartilhou um pouco de sua bagagem, e falou sobre o inicio dessa nova empreitada que logo teremos em mãos em CD ou K7 para quem curte, e também o show de lançamento agora dia 12 de Abril. Como de costume deixo o link da banda para curtirem os sons ja disponiveis d' Os Sucuris.


Sucuris no Face 

Sonzeira d'Os Sucuris




Me fala sobre o princípio da banda. Os três já são figuras carimbadas da cena londrinense , como que foi essa conversa pra montar a banda ?


Aconteceu naturalmente. Uma banda acontece quando algumas pessoas tem fogo no rabo. Eu tava tentando montar uma outra banda, mas acabei desistindo por causa de fatores que realmente não incluem a idéia de ser uma banda de rock and roll. Um dia trombei o Felipe na rua e comentei de fazermos algo, e mesmo não sabendo exatamente o que, ele topou na hora. Eu só disse que seria algo mais crú, na cara e sem a famosa síndrome do "biquinho pra foto". Ele topou na hora. Acho que alguns meses depois acabamos fazendo um teste com um chegado, e acabou não rolando. Essa era uma fase em que eu ficava postando vídeos de bandas obscuras de rock "garage" nas redes sociais. Daí do nada o Pedrão me chama inbox pra conversar sobre musica e saber o que que tava rolando. Em 2 minutos eu descobrí que ele também era baterista, e em 5 minutos já tínhamos o primeiro ensaio marcado.

Hahaha.. e composições você já tinha algo pronto? A ideia musical tipo "é isso que eu quero" . Você já visualizava o norte d' Os Sucuris ?

Algumas das canções são mais antigas e já as tocava com a banda que tive na Inglaterra. Os The Flying Rats. Mas o núcleo de todo a maior parte do material é novo e tem sido feito por aqui. A idéia d' Os Sucuris é tocar um rock and roll crú e de garagem, com músicas curtas e sem frescura. Existem alguns riffs e milongas, mas nada que empaque a paciência. Eu odeio a maioria dos solos de guitarra.Essa banda foi feita pra entregar um set curto e energético.

Já que tocou na Europa, viu e viveu um pouco do underground por lá. O que mais marcou em você nessa experiência cultural fora? É bastante óbvio a questão de diferenças entre aqui , lá e acolá, mas o que te marcou nessa incursão?


O que ficou bem claro foi o que pra mim sempre foi óbvio: um "promoter" não é obrigado a por conjuntos cover misturadas com bandas de verdade. Então basicamente, se você tem uma banda, isso não significa que você tem que explicar que a tua banda é "autoral". Eu não sei dizer se esse tipo de coisa deve algum tipo de explicação pra alguem. Mas te afirmo de coração que Isso realmente me leva a refletir em relação a uma condição cultural.

Eu já toquei e toco em uma banda autoral e um lance que sempre rola comigo quando descubro uma banda e gosto do nome , é aquela "inveja", tipo " puts porque não pensei nesse nome antes?" Hahaha. E "os sucuris" é um desses casos Tem alguma história por trás desse nome ?

Eu não sei de onde tirei esse nome.  Mas a Sucuri é uma cobrona que mata e engole outros animais de grande porte. Algumas bandas brasileiras dos anos 60 tinham uns nomes assim, tipo Os Aranhas, rs. É um nome exótico.



Hahaha...cara voltando um pouco na questão de bandas autorais . Eu tenho minha opinião sobre como a cultura aqui é sufocante para bandas autorais , em meio a tantos eventos com bandas cover em bares pela região , há pouco espaço para bandas autorais . O que você tem a dizer sobre essa questão cultural ?

A alguns anos atrás eu achava um porre ver gente reclamando de espaços para tocar. Sempre achei que era pra botar a mão na massa e boom... Haviam poucos espaços, mas havia mais interesse por parte dos jovens e havia público pras bandas teimosas e autênticas. Talvez algumas bandas da moda tenham ajudado a molecada a pegar nas guitarras pra ver qual é. Eu acho que cover é uma música de uma banda que você ama e coloca no meio do seu set pra mostrar as suas influências, a não ser que você tenha 14 anos e teja aprendendo os primeiros truques. Mas os valores foram invertidos e agora todos estão pagando por isso. O barato é quando nada disso tá na moda. Mas o problema é que a rapaziada super informada também é super careta. Levar teu instrumento pra rua dá o maior trampo, sem contar as roubadas e o tempo que leva pra fazer um público e ter alguma "recompensa" emocional. Então. O mais fácil acaba sendo o óbvio: tocar cover. Nem todo músico é artista. Mas quem produz é. E que tal bater de frente com a sebosa onda sertaneja e os fundamentalistas religiosos de plantão? Que tal insistir em algo que a maioria das pessoas não entendem. 

Eu acho interessante a forma como Os Sucuris estão lançando o trabalho de forma fragmentada, "single a single". E outras bandas também tem adotado isso nos últimos anos, você acha que um pouco disso é a influência das novas tecnologias , app de música como Spotify , Deezer etc? A forma como consumimos musica já vem mudando há algumas décadas, e você já vive há um bom tempo no meio musical , como você vê essa questão no underground ?

Também acho que a velocidade da informação "no bolso" deu uma matada na magia da coisa. Ninguém mais atravessa a cidade pra gravar um som. Espero que eu teja errado.Se deixar eu passo o resto da vida falando sobre isso. É. Essa onda gourmet acabou com a vibe das ruas. Paciência agora... E mão na massa.
Por outro lado, o advento tecnológico e gratuito, também ajuda as pessoas a terem mais acesso á música. A idéia de lançar os 10 primeiros sons d' Os Sucuris, como singles, foi para irmos promovendo o disco "3 Chord Trick" aos poucos, ao mesmo tempo em que cada single tem uma capa assinada por amigos designers e cartunistas.

Mas ao término das gravações teremos o disco em formato físico certo ?

A princípio lançaremos em cd e em tiragem limitada de k7's.


 
Legal vou colar com certeza nesse evento. Qual é o top 5 de discos que foram indispensáveis para sua formação como músico ? 

Cronologicamente eu colocaria:

Ramones Mania (Escutei o k7 até arrebentar a fita. Aprendí a tocar tirando aquelas músicas).


MC5 - Kick Out The Jams (ganhei o Lp dum amigo bem mais velho, quando eu tinha 15 anos. Tenho o disco até hoje)

The Story of THE WHO (eu definitivamente parei de escutar Led Zeppelin, quando descobrí essa coletânea no começo dos anos 90)

A Revista Pop Apresenta o Punk Rock (não acreditei quando achei esse Lp na extinta Oasis Discos, no Centro Comercial, em 1994. Esse disco abriu as portas pro Punk Rock no Brasil. O nome da minha banda The Cherry Bomb eu tirei dalí, ainda na era mezozoica analógica pre digital. Tenho até hoje)

Richard Hell and The Voidoids - Blank Generation (esse disco é tão loco que eu nem consigo explicar. Comprei o meu lp em 1996. Tenho até hoje).

Eu listaria mais uns 15 discos. Kkk

Pra encerrar eu deixo meus agradecimentos pela atenção e esse espaço aberto para que se manifeste segundo sua vontade. Seja para divulgar agenda, projetos, uma mensagem bíblica, kkkk é com você, valeu Rodrigo.

Velho. Valeu pela oportunidade. E que essa onda "pseudo-retro-barbeira-careta-gourmet" evapore logo pra juventude tomar as ruas com mais sangue no zóio.



terça-feira, 3 de abril de 2018

Londrinoise (15/04/2018)

É isso ai pessoal, outro evento a vista. Bandas autorais da região, por um preço legal, apenas cinco golpes. Se você vive  reclamando que não tem nada para fazer, cole la e fortaleça o role e as bandas autorais de sua cidade. Deixo o link das bandas abaixo.

CMD, REJECTED, VOMITHORAMA e GUERRILHA 13

Data:15/04/2018
Entrada:R$-5
Horário:16 hrs

Local: Vila Cultural Alma Brasil, rua Argentina,  693.