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sábado, 9 de maio de 2020

Entrevista : Felipe Teixeira (Droogies)

"Se amadurecer tem a ver com deixar de acreditar em sonhos, abandonar nossas paixões e nos tornarmos adultos amargos e frustrados, eu prefiro seguir a máxima de Tom Waits: "I don't want to grow up".




Salve galera, um bom tempo sem publicar nada, mas sempre naquela "devagar e sempre", trago aqui um bate papo muito legal que tive com meu amigo Felipe Teixeira. Vocalista e guitarrista do Droogies, além de milhares de projetos. Já deixo aqui os links para conhecer o Droogies, que lançaram um tremendo Disco, intitulado "Power treta", e no final da entrevista uma série de fotos(algumas inéditas), do acervo pessoal do Felipe.

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Cara , a Droogies já está na ativa desde 2002 . Um tempo bastante significativo , ainda mais se tratando em sobreviver no underground nacional. Como foi o início da banda ?

Foi engraçado. Éramos um trio de desajustados, que meses depois virou um quarteto e já fazia músicas próprias desde os primeiros ensaios. A banda surgiu do fim de outras duas: a Wankers, da qual eu fiz parte como guitarrista e vocalista, e o Non Sense Talkers, da qual o Daniel Thomas foi o vocalista. No início a diversão era nos reunirmos nos sábados à tarde para ensaiar no porão do Ainho, que foi o nosso segundo baterista, mas o primeiro com o qual fizemos show e gravamos algo.


E do início da banda para a primeira gravação ?

Foi um processo de 10 meses entre muitos ensaios e poucos shows em Londrina e cidades pequenas da região. Em fevereiro de 2003, a banda entrou em um estúdio de gravação, o TNT, pela primeira vez. O William Fernandez (Subtera) e o Bruno Iglesias (Gólgota) produziram a nossa demo ao vivo em rolo de fita numa madrugada inteira. Gravamos seis músicas e eu batizei este registro de Degenerated Early Moments Of (D.E.M.O) rsrsrsrs nunca disponibilizamos na internet. Lançamos poucas cópias em cd e virou raridade. A banda e, principalmente, o meu vocal ainda não tinham identidade. Estávamos buscando algo com base nas nossas referências de punk rock, hard rock e hardcore.

Vale ouro, hehehe. Ainda tem ? Cara falando em identidade , eu escuto o ultimo registro de vocês, o Power treta , e indentidade é o que não falta. Uma música melhor que a outra, sem contar na produção . Fala um pouco sobre a produção do Power treta e por que esse nome ?

Tenho. Se quiser, podemos publicar em primeira mão na internet em seu blog. Daí já solta isso logo rs.
O Power Treta foi quase o fim da banda de vez. O nome saiu de última hora, quando tudo já estava pronto e tínhamos enviado as músicas e as letras para o Daniel Ete (Muzzarelas) criar a arte do álbum. A banda virou um trio de novo durante o processo de composição das músicas, que durou um ano e meio. Só que, entre iniciar as gravações e finalizar, foram quase 2 anos. Nós brigamos feio no meio de tudo, o material ficou parado e o Gustavo Di Lório (Pactum), produtor e dono do extinto High Voltage, nos incentivou a terminar antes da mudança dele para a Escócia. O nome veio da mudança na formação com as brigas internas que rolaram e as externas com estes imbecis capachos do Incompetente da República. Basicamente a origem do nome é esta. O Power Treta é uma volta às raízes de nossas bandas anteriores ao Droogies. Na verdade é a síntese de tudo que sempre quisemos fazer, mas ainda não tínhamos realizado.



Genial o nome. A primeira vez que vi a banda tocando foi com o Questions em Arapongas. Na época você falou sobre uma música de vocês que foi proibida de tocar na rádio UEL. Que música é essa e por que foram censurados ?

Belinasty. Como o próprio nome diz é um trocadilho com o sobrenome de um ex-prefeito de Londrina condenado por um esquema grande de corrupção, dadas as devidas proporções de 1999. A faixa abre o álbum "Droogies", de 2009, e foi censurada quase no fim da primeira década dos anos 2000 porque ela foi executada na rádio no primeiro dia da campanha eleitoral para a prefeitura do município e o cara de pau, que já era investigado na época, saiu como candidato. O diretor da rádio na época recebeu advertência oral e o responsável pelo programa que tocou Belinasty sofreu represália. Eu recebi ligações anônimas de paus mandados dele com ameaças, caso a música fosse lançada e apresentada ao vivo. Entretanto, nós nunca deixamos de toca-lá. Afinal, quem deveria se esconder e ter vergonha na cara era ele por ter se apropriado indevidamente de tanto dinheiro público. Enfim, um político da pior estirpe e que mantém seu curral eleitoral em Londrina até hoje. Só não se tornou prefeito novamente porque foi impedido pela justiça.

Esta é a primeira formação de verdade do Droogies (da esquerda pra direita: Eliseu (bateria), Rafael Sakuno (guitarra solo), Salsicha (baixo) e Teixeira Quintiliano (vocal e guitarra base)

Cara, fala um pouco sobre sua trajetória, os projetos que você já participou até aqui.

Minha primeira banda só com músicas próprias  foi The Wankers , lançamos um único CD demo e registro nosso. Algumas músicas foram parar no Power Treta. Entre 2002 e 2009, além do Droogies, eu toquei em várias bandas, porém nenhuma de repertório autoral. Em 2010, como guitarrista, fiz parte da primeira formação da banda Iggy D & The Traitors, mas saí pouco antes da gravação do primeiro single.Só músicas autorais também. Em 2012/2013 fui guitarrista da banda The Greiks, só com músicas próprias. Gravamos 1 demo com 6 faixas, 1 música (Teenage Mother) do Power Treta saiu desta demo. Entre 2014 e 2016, fui baixista da banda Matt Dynamite & Os Zig Zags e gravei alguns singles com eles. Em 2016, nos 25 anos do Hard Money, fui convidado a entrar na banda como vocalista para gravar o show ao vivo, volta e meia a gente se reúne para alguns shows. Em 2016, eu formei Os Sucuris junto com o Rodrigo Amadeu (Cherry Bomb/Substitutes) e Pedro Potumati (Espíritos Zombeteiros/Dizzaster) e gravamos o álbum "3 Chord Trick". Ah em 2018, fui baixista interino do Escopo em alguns shows. 2 deles gravados em vídeo e disponibilizados no YouTube. Neste mesmo ano, em 2018, fiz parte da primeira formação da Cianeto Tropical, mas não cheguei a fazer shows e gravar com eles. A banda continua na ativa. Ah lembrei também. Uma banda minha, anterior ao Wankers, chamada Cretin Family, lá de Araçatuba/Penapolis (SP) foi formada em 1999 e, após a minha saída, gravou um CD, que também está disponível no YouTube, eu era baixista nessa banda, e mais uma banda que toquei e ainda toco o Londrina Ska Clube


Hoje, pelo menos para nós dois aqui conversando , o Hardcore Punk é e sempre foi entendido como um instrumento de contestação . Mas existem pessoas desavisadas e até reaças  circulando perdidos pelo Underground. Quando você se deu conta do que era ser Punk? Foi de cara ? Ou melhor, como você se enfiou nesse meio ?


Eu comecei nessa com 11 para 12 anos. Na época, nós idos de 1996/97, eu me identifiquei com a liberdade que era narrada pelas músicas. Pra mim a música sempre esteve acima de qualquer movimento. Mesmo porque não sou afeito a dogmas e ideologias. Quando eu vejo que algo quer me colocar num clube do Bolinha, eu já passo longe. Nunca gostei de pertencer a grupos nesse sentido, sabe? As letras e a postura me encantaram, porque até então eu ainda não tinha experimentado nada que tivesse a ver comigo. Mas também sempre me interessei pelo lado doidivanas do punk, que não estava nem aí para discursos e temperava aquela arte combativa com pitadas de humor, muita ironia e atitudes malucas (quase imorais). Ser punk, para mim, é isto: não ter vergonha de assumir quem eu sou, de elogiar o que eu admiro e rejeitar abertamente o que eu odeio (muitas vezes desconsiderando as consequências) sem andar em bandos ou surfar em ondas. Sempre tive personalidade forte e fiz muitos amigos e inimigos por causa disso. Estes últimos sempre me disseram que o punk era uma fase da minha vida e que um dia eu cresceria. Sorry, boys, eu não cresci. Se amadurecer tem a ver com deixar de acreditar em sonhos, abandonar nossas paixões e nos tornarmos adultos amargos e frustrados, eu prefiro seguir a máxima de Tom Waits: "I don't want to grow up".


Alguma projeto em andamento esperando o corona passar, para ser realizado ?

Queremos lançar um vinil de músicas inéditas no modelo split com a
s bandas participantes da Hangover Carnival: Daileon Kick, Onion Balls e Até Quando? . Seria demais fazer isso até o fim de 2020.

Massa demais . Indica aí cinco bandas para galera curtir durante a quarentena.

Vou de brega underground na cabeça: Adelino Nascimento, Antônio Henrique (o gatão das gatinhas), Borba de Paula, Frankito Lopes e Ovelha
Foi a pergunta mais difícil de todas

Hahaha. Mano encerro por aqui e te agradeço muito por aceitar participar desse humilde projeto. Deixo esse espaço aberto para você se manifestar livremente.

Sem manifestações. Só tenho agradecimentos a você por manter o blog ativo e publicando conteúdos que os maiores não publicam.























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