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quinta-feira, 16 de julho de 2020

ENTREVISTA: Rael Brian (Decurso Drama)

"Se houver alguma mudança para melhor vai demorar no mínimo uns 20 anos. Essa onda fascista infelizmente, pelo o que tudo indica, está longe de terminar."



Salve! Tive um bate papo com o artista plástico/punk rocker da ilha de Florianópolis, Rael Brian, guitarrista e vocalista da banda Decurso Drama, que é uma das bandas que mais tocam em minhas playlists nesse último ano. Deixo logo aqui abaixo os links para conhecer a banda, assim como as artes do Rael Brian. 

LINKS  :               RaelBrian    Decurso Drama     SPOTIFY



Fale sobre o início da banda, como foi que surgiu a ideia de formar o Decurso Drama e por que esse nome ?
A banda surgiu no começo de 2016 em Florianópolis em uma conversa entre eu RaelBrian(guitarra) e Gustavo Ventureli (bateria) . Somos da mesma cidade Brusque SC e já tínhamos tocado juntos em outros projetos e decidimos montar um powertrio baseado no rock alternativo dos anos 90. Nosso amigo Fabiano tocou baixo entre 2016 e 2017 e gravou com a gente o primeiro álbum em 2016, 3 meses depois da banda ter começado e saiu em seguida. Quem assumiu o baixo e tá até hoje foi Guto Fernandes que tocava em uma banda bem legal aqui da ilha chamada Quazimorto, ele entrou e rapidamente se encaixou no nosso ritmo de compor e na filosofia da banda. O nome da banda foi dado pelo Fabiano que ficava abismado com nosso jeito dramático de agir em algumas situações hahaha.

E como poderia descrever a filosofia da banda ?

Ser fiel ao "Faça você mesmo"


Demais . E como foi o processo de composição e gravação desse novo disco ?

Boa parte do álbum foi gravado em dezembro de 2018, a bateria foi captada em estudio e o resto captado em partes, em casa mesmo no calor de verão. Tínhamos 10 músicas e criamos 2 sons em cima da hora no improviso, 1 dia antes de gravar, coisa que já estamos acostumados a fazer.
Tivemos alguns problemas com a pós produção e as músicas só ficaram prontas agora em 2020. Esse álbum reflete muita coisa que agente viveu de 2016 até 2018, problemas pessoais mal resolvidos de cada um e traz um som mais sujo e denso que o primeiro album, mas com bastante apelo melódico. E nesse meio tempo gravamos outro EP de 5 músicas no esquema doidera. Tivemos 5 dias, 4 para compor e no quinto dia captamos a bateria, será lançado em breve.

Me fala um pouco sobre a cena aí em Floripa . Tem uma galera se mexendo pra fazer acontecer a cena ?

O legal das bandas da ilha que tem algum envolvimento com punk é que cada uma faz um som diferente sem estar presas a pré conceitos ou certas regras musicais.
As bandas manézinhas que mais curtimos são o Quazimorto, Atrás do Pensamento, Vivar, Budang, além dos veteranos do Eutha que estão com quase 30 anos de banda. Como a ilha é grande, sempre tem algo acontecendo em algum canto, não está tudo concentrado no centro. Aqui mesmo no bairro do Rio Vermelho, onde a banda se formou, que fica a 30 km do centro e que as vezes as pessoas esnobam por ser longe, tem duas casas de show que abrigam shows das bandas do Underground. Aqui na minha rua mesmo, que é uma servidão que no fim da nas dunas da praia, em uma região rural, tem um pico que se chama Booteko e que já recebeu shows de bandas dos Estados Unidos, Canadá, Suíça e bandas brasileiras como o Surra, Test, Rot, Deaf kids, entre outras.

Além da banda, você também é artista certo? Vi umas colagens suas que são animais. Quais os projetos além da banda e dentro da arte que vocês estão envolvidos ?

Eu sou artista plástico e as vezes designer. Tenho um projeto solo que é mais lofi e simples, o último álbum gravei no meu celular. O Guto tem o Quazimorto e o selo Urtiga Records. O Gustavo atualmente mora em São Paulo e tem o projeto solo Ledegout além de tocar no Les Adeux, Gentil e Duplo.

Como artista plástico e rockeiro rebelde, você vê saída pra essa espiral de merda que o país se encontra ?

Acredito que não. Se houver alguma mudança para melhor vai demorar no mínimo uns 20 anos. Essa onda fascista infelizmente, pelo o que tudo indica, está longe de terminar.

Tenho que concordar com você , infelizmente. Mano uma pergunta bastante frequente agora , como tem sido sua quarentena ? Do que tem se alimentado , livros, discos, arte ? Aproveita e deixa uma dica pra quem está lendo essa entrevista .

Acho que eu sou umas das poucas pessoas aqui da minha area que está respeitando as normas de distanciamento social. Tá sendo uma merda porque o meu rolê aqui é ir pra praia de bike e estou saindo só pra ir no mercado e as vezes ao banco. A questão financeira também tá difícil mas ando produzindo como nunca, acho que já fiz umas 30 colagens novas desde fim de março. Estou lendo pela terceira vez a bíblia do rock alternativo "Our band could be your life " e outros livros como "Dance of days" e as biografias do Keith Richards e do Max Cavalera. E música eu sempre tô pesquisando coisas obscuras, principalmente do fim dos anos 80 e começo dos 90 como o Overwhelming Colorfast e Truck Stop Love.
Eu sei que o Guto e Gustavo também estão trancados em casa trampando em home office, E enquanto isso estamos nos falando diariamente sobre a mixagem desse EP que estamos finalizando.


Legal, e além do EP a Decurso Drama tem planos para a pós pandemia ?

Acho que o plano é voltar a se reunir como banda, ensaiar, compor e organizar uma tour.

Cara eu lhe agradeço pelo tempo investido aqui nessa entrevista, queria dizer que acompanho, apesar da distância, o trampo da banda. Curto demais a sonzeira da Decurso Drama , e espero vê los em breve por aqui . Deixo esse espaço aberto para você se manifestar livremente.

Valeu pela entrevista, estamos ansiosos para retomar os trabalhos da banda , organizar shows e ajudar a movimentar o underground da ilha. Se cuidem e usem máscara.

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