"..que as pessoas tenham calma e força. Que continuem lutando mas não deixem de aproveitar pequenos momentos em casa, por mais difícil que isso possa ser para alguns. Em uma simples conversa ou mergulhando em arte. "Dias de guerra, noites de amor"'.
Salve a Todxs! Essa semana conversei com meu amigo Sheslei, vocalista da lendária Refutare, e que falou sobre seu novo(e excelente) projeto chamado Astra Flamma. Deixo logo abaixo o link para que conheçam essa banda e fica a dica de um disco fodidamente fodido que me surpreendeu e muito. O disco é recheado de diversas influências criando uma característica própria da banda, chegaram chegando e chutando a porta.
ouvir -->Astra Flamma / Instagram
Mano comece falando a história da banda, como que
essa galera se juntou pra fazer um rock e por que Astra Flamma?
E aí Carlos! Primeiramente dizer que é uma satisfação
enorme este papo contigo. Nós ficamos muito felizes pelo convite, de
coração.
Nós começamos há pouco mais de dois anos.
Fazia um tempo que eu não tocava e em uma conversa com o Lucas (Bodão)
surgiu a ideia de termos um projeto juntos, então falamos com o Roger e
ele topou também. A ideia inicial era fazer músicas que nos divertissem e
que pudéssemos explorar coisas que não tínhamos feito ainda, deixar de
fato nossos lados ecléticos se expressarem. Com o tempo foram surgindo
riffs e letras e a coisa foi acontecendo. Um tempo depois surgiu o
Mateus para fazer os teclados e a festa tava feita hahaha. Teclados era
um instrumento que nenhum de nós já havia tocado junto em uma banda e
acabou que transformou totalmente a atmosfera, gostamos muito desta
experiência. Sobre o nome da banda, é um extrato das ideias que tínhamos
em nossas conversas nos ensaios, conversas sobre as diferentes
vivências humanas, cosmos e tudo mais que a descontração trazia à mesa.
Cara fiquei muito surpreso com o álbum. Fala um pouco sobre o processo de composição e gravação .
As composições são bem livres, geralmente alguém traz
uma idéia de som ou letra e jogamos no caldeirão para ver como fica.
Algumas mais pré elaboradas, outras mais cruas, mas sempre vamos pelo
"feeling" até chegar em algum lugar que nos deixe em êxtase de tocar,
sentir a emoção correr nas veias, sabe? Se gostarmos do resultado, então
está bom hahaha.
Quando tínhamos uma quantidade
suficiente de músicas para um álbum, decidimos planejar e executar a
gravação. Foi um processo de muito empenho mas também nos divertimos
muito, foi legal demais pegar o carro e juntos partirmos para o estúdio
para tocar nossas músicas. Quem nos gravou foi o Alexandre Bressan do
estudo 3em1 de Londrina, que entre muitas conversas e cheiro de café,
nos guiou para extrair o melhor de nós. Levamos cerca de sete meses para
finalizar. Claro que não há mar de rosas, Astra Flamma nos desafia em
todos os sentidos, tivemos de aprender a tocar ritmos, melodias, fazer
vozes que não tínhamos feito antes. Tudo é sempre novo para cada um de
nós, mas isso nos motiva a sair do conforto e das vertentes do rock que
estávamos acostumados. No final, ficamos bastante satisfeitos com o
resultado.
Eu vejo muita
pegada, principalmente, do rock que rolava no início dos anos 90. Da sua
parte , que influências você poderia destacar ?
Minha escola na adolescência foi o grunge, apesar de já
ser bastante eclético e ouvir desde metal à hip hop. Considero que os
anos 90 foi muito legal para a música, especialmente ao rock, rap e pop
rock e com certeza isso influencia, o sabor da nostalgia e de juventude
atrai a voltar para estas raízes. O legal é que a banda toda tem um
pouco desse lado noventista mas ao mesmo tempo temos gostos e
referências bem diferentes. Particularmente é difícil apontar
referências, não acreditariam tudo que passa por minhas playlists
diárias mas é possível apontar bandas como Depeche Mode, Foo Fighters,
Deftones, Muse entre outras que, embora sejam de outras épocas também,
fazem parte das minhas referências.
E a galera tem sacado essas referências ? Como tem sido a reação da galera nos shows do Astra Flamma?
Ainda fizemos poucas apresentações devido tudo que tem
acontecido recentemente com a pandemia, mas das que tivemos tem sido
muito boa a receptividade das pessoas. É engraçado como cada pessoa
expressa uma reação diferente nos shows, os comentários sobre
referências tem sido os mais dispersos que já ouvi. Geralmente a galera
assimila com duas bandas bem distantes uma da outra, para exemplificar
bem, vai aqui um comentário (claro que na zoeira) do nosso amigo Flávio
de que parece uma mistura de "Slayer com Pato Fu" hahaha. Enfim, para
cada um com sua história de referências, o Astra Flamma lembra algo
diferente e temos nos divertido com isso.
Hahahah.. "Slayer Fu" foi demais. Essa pandemia é surreal
, nunca me passou pela cabeça passar por algo assim nessa dimensão .
Como tem lidado com isso ? Muita gente tem se ocupado com livros ,
filmes, atividades que antes não tinham tanto tempo para investir .
Deixa uma dica aí pra galera que está lendo essa entrevista.
Sim, é uma situação difícil e angustiante. Quem me
conhece sabe que sempre gostei de uma vida bem ativa, sempre encontrando
as pessoas e raramente ficando em casa. Neste período tive de controlar
a ansiedade e me dar um choque logo no início, rompendo com isso e
adotando a vida em casa. Sempre gostei de ler artigos e estudar algumas
coisas e agora tenho mais tempo para me aprofundar nestes estudos.
Paralelamente a arte é nossa válvula de escape, busquei ouvir mais
música, as vezes tocar, assistir séries e etc. Se servir como dica, que
as pessoas tenham calma e força. Que continuem lutando mas não deixem de
aproveitar pequenos momentos em casa, por mais difícil que isso possa
ser para alguns. Em uma simples conversa ou mergulhando em arte. "Dias
de guerra, noites de amor"
Quando te conheci você era vocalista de uma banda de Metal Punk, o
Refutare. Cujo as letras tinham uma temática política mas escritas,
muito bem escritas, com uma pegada mais "poética" . Qual a mensagem que
vocês se preocupam em passar através do som do Astra Flamma?
Refutare sempre teve um teor bem político, assim como
uma outra banda anterior ao Refutare que eu tocava, o Gruff Mode. Foram
quase quinze anos neste meio, onde felizmente pude conhecer muita gente,
muitas bandas e vários lugares. Nestas bandas tive a oportunidade de,
junto aos outros membros, compor, tocar e ter a resposta do público
sobre temáticas bem fortes e pesadas. Tenho um orgulho muito grande por
ter participado disso. De uns anos para cá, sentia que também poderia
compor e tocar coisas diferentes, algo que me desafiasse. Tinha vontade
de ter músicas alegres que permitissem falar sobre temas leves como
diversão, cotidiano e até romance. Astra Flamma orbita nestas temáticas,
mas ainda é só um começo e temos tentado não nos restringir muito com
experiências musicais e de mensagem.
Então, o lançamento do disco foi agora durante a pandemia , algo
que foi muito legal e veio a acrescentar aos meus dias de quarentena .
Escuto quase todos os dias, hehehe. Mas quais eram os planos que foram
pausados pela pandemia e virão a se concretizar ainda ?
Que honra! Hahaha. Então, tínhamos programado um show
de lançamento com camisetas e disco físico além do lançamento digital. A
pandemia nos fez encurtar os planos mas sabemos que era preciso, também
estávamos muito ansiosos para lançar, então fizemos somente no digital.
Ainda queremos fazer tudo isso quando for possível e talvez também
fazer uns vídeo clips.
Ansioso pra ver. Fala aí um top five de discos indispensáveis para você.
Tarefa complicada mas vamos lá...
Coligere - Palavra
Catharsis - Passion
At The Drive In - Relationship of Command
Deftones - Diamond Eyes
The Clash - London Calling
Top five foda .hehe .. mano eu encerro por aqui, queria
dizer que curti pra caralho o disco e espero poder estar junto de vocês e
curtir um show do Astra Flamma . Obrigado pelo tempo investido aqui
nessa entrevista e deixo esse espaço aberto para você se manifestar
livremente .
Satisfação
enorme! Agradecemos o convite e queremos muito logo podermos tocar por
aí juntos. Deixamos aqui o convite para quem quiser conhecer nosso som
no link abaixo. Fiquem bem e Cheers'n Satisfaction!
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