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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Entrevista : Filype Ruiz ( Hard9ine, Diehard podcast, Live By The Fist, etc...)

 

Nesse bate papo, tive momentos nostálgicos. Lembrei de quando(na década passada), eu fazia pedidos de CDs e camisetas na loja virtual da Caustic, e sempre mandava aquela cantada sutil ao Leonardo Cantinfras : "manda umas demos se puder", e confesso que meu entusiasmo e expectativa, acabava por se concentrar mais nas Demos que vinham de brinde do que no próprio produto pelo qual havia pagado, uma antiga tara por conhecer bandas que estavam começando. Acontece que uma das pessoas que fez parte disso, direta e indiretamente, meu amigo Filype Ruiz, participou de muitas dessas bandas que eu recebia o material em casa de brinde via Caustic. Bandas como Harbor Academy, Riot Score, Turning Grey(uma de minhas favoritas), e também da icônica banda Live By The Fist. Hoje ele esta a frente do Hard9ine, que tem sido um dos lances mais legais que tem rolado no Instagram, e Também o Podcast Diehard. Deixo aqui abaixo a Playlist no Spotify com varias das bandas citadas acima, além de outros links.

SPOTIFY          DIEHARD        HARD9INE     

 

Como foi seu primeiro contato com a cena Underground? e quais bandas que já fez parte?

Foi através do meu irmão. Ele fez amizade na escola com uns caras que já tinham banda e andavam de skate. Eu tinha 14 anos, 4 anos mais novo que ele, então basicamente por algum tempo frequentamos as mesmas coisas juntos.

Toquei no Face Forward, Live By The Fist, Turning Grey, Harbor Academy, Riot Score, Iron And Gold, Decision, Uncage, e cantei no Understand. Essas são as que pelo menos gravei algo.

Skate e punk! Perfeita mistura pra desgraçar a vida de alguém hehehe .. me fala aí um pouco sobre a questão do Straight Edge , isso foi depois ou nessa galera já tinha uns Straight Edges? E o que te chamou atenção nessa filosofia de vida ?

Um desses caras que estudavam com meu irmão já simpatizava com a ideia, e logo conheceu alguns Straight Edges daqui, o que foi uma ponte de informação pra mim. Eu já tava ligado mais ou menos por causa do Shelter, que ficou meio famoso pelo clipe de "Here We Go" na MTV. Sem dúvida foi uma coisa de pertencimento adolescente, aquela coisa de se encaixar em algum lugar. Sempre digo que naquele momento, eu não tive uma grande reflexão sobre a ideia, foi só uma identificação natural. Depois de alguns anos que comecei a refletir realmente de verdade o que aquilo significava pra mim.


 

Quando eu li a primeira vez sobre Straight Edge , lembro que ao contrário de muitos amigos que curtiam as bandas metais, eu me afundei nos anos 80, youth crew 88 e umas bandas 90s . Ao julgar pela discografia pessoal que você passou ali acima , com você foi mais ou menos isso também né ? Quais suas maiores influências ?

Exatamente a mesma coisa comigo! Assim como em vários lugares, aqui também o Straight Edge tinha uma ligação forte com o metal, as chamadas bandas "newschool" na época, e eu sempre pirei mais em melódico, então o interesse pelas bandas "oldschool" foi bem maior. Hoje em dia eu curto várias bandas que não curtia na época, por exemplo o próprio Earth Crisis, símbolo total dos anos 90. Então minhas influências são bandas de melódico tipo Fat Wreck/Epitaph e bandas da Revelation.

Massa demais . E dessa "iniciação " para a primeira banda ? Como foi esse processo de "quero montar uma banda "?

Nesse mesmo ano que caí de cabeça no rolê, logo já tive minha primeira banda. Um cara no colégio tinha um primo que precisava de um vocal, e lá fui eu, cheio de vergonha mas empolgado pra cacete. Eles queriam tirar umas coisas mais populares tipo Offspring e Rage Against The Machine, do que eu lembro. E eu já tava imerso nas bandas desses selos que comentei, então pilhava pra fazer som próprio. Não durou muito tempo, óbvio. Depois tive uma breve experiência tocando baixo em outra banda, enquanto aprendia a tocar guitarra, e só no ano seguinte montei minha primeira banda mais séria, o Unify, mas ainda sendo vocal. Depois me senti seguro na guitar, e passei só à tocar nas bandas seguintes.


 

Esse momento é bastante complicado para a cena independente , tendo em vista que a maior parte das bandas não tem acesso a uma estrutura que dê suporte necessário para uma apresentação online de qualidade, que é o único formato que tem rolado. Mas apesar de tudo a cena ainda caminha, sendo alimentada com novos lançamentos, coletâneas virtuais , podcast, blogs e etc.. o Hard9ine é também uma resposta a esse vazio deixado pela ausência de shows ?

A ideia do H9 veio ano passado depois de ver o canal no YouTube "5Discos" do apresentador Rodrigo Rodrigues. Pensei que seria melhor fazer algo no mesmo modelo, mas só de Punk/Hardcore, e em formato podcast. Engavetei a ideia, e durante a quarentena achei que podia ser um bom momento pra colocar em prática, mas mais simples ainda, em perfil do Instagram, onde atualmente é a rede que as pessoas mais usam. Não posso dizer que tive a intenção de preencher um vazio, até porque show underground é uma coisa bem única, que nem mesmo com a melhor qualidade online conseguiria transmitir o que se sente pessoalmente. Mas sim, além de concretizar uma vontade pessoal, no fundo sempre tem a intenção de colaborar de alguma forma com mais informação e entretenimento pro meio.

Sim e está funcionando, um amigo e eu já estamos até levantando estáticas de discos com uma avaliação mais negativa por parte dos participantes . Hehehe . Além do Hard9ine , tem mais algum projeto , banda ou algo que você vem produzindo?

Hahaha, pois é, acho divertido ver esses debates. Quando recebo as listas por email, já imagino o que vai dar pano pra manga ou não. Acho que é exatamente o que a maioria de quem tá no rolê faz quando se encontra. Sempre tem aquele papo sobre disco.

Quase ao mesmo tempo do H9, eu comecei também o podcast Diehard. O Diehard também partiu de uma ideia engavetada, que era registrar em algum tipo de doc as bandas Straight Edge de Santos que gravaram algo. Daí montei todo material em formato de podcast, e ia lançar em uma série fechada em algum lugar, e só. Mas pensei que seria legal voltar a produzir podcast mesmo, porque vira e mexe tenho ideias e sem espaço pra colocar em prática. Por agora to sem banda, e vai saber quando vai ser possível de novo.


 

Legal , sou um novo apreciador deste formato, podcast. Cara deixa umas dicas aí pra quem tá lendo essa entrevista , pode ser livro, filme, disco, o que você quiser.

Pegando o gancho de podcast mesmo, indico: Seita Macabra, Entre e Ouça, Podcore, Blasfêmea, e Antinomia. Os álbuns recém lançados das bandas Be Well, Change, e Valvulosa são os que mais tenho ouvido. E Indico um canal no YouTube chamado Física e Afins.

Massa , mano agradeço demais pela sua participação nesse humilde projeto e deixo esse espaço aberto para se manifestar livremente .

Agradeço demais o convite! Vida longa ao blog. Ouçam Tubarão Bomber e Daileon Kick, e exercitem a empatia e o apoio-mutuo ficando em casa.

 

 


 



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